quarta-feira, 25 de novembro de 2009

QUASE NATAL SÉCULO XXI

Joaquim Moncks

O poema nasce matutino,

com sono, tirando remela dos olhos.

Penteia cabelos, escova dentes.

Há um ázimo pão no céu da boca.

O espelho denuncia a aurora glacial

das incompreensões.

O sal do choro

crivou a lágrima amanhecida

de explicações e lamúrias.

Amores fartos, ágeis de memórias,

nunca são lúcidos à hora da posse.

Jesus Cristinho amado,

deixai que cantemos desamores.

O coração está pleno como dantes

e a órbita do mundo soluça

jingle bells como um terçol.

Bom-dia, Dona Paciência,

locupletem-se os pendores!

É inventário dos que amam.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2005/2009.

http://recantodasletras.uol.com.br/natal/1349556