terça-feira, 21 de julho de 2009

BRINDE

Joaquim Moncks

O encontro foi tão casual quanto agulha e linha, achadas a esmo. Os desenhos sobre a renda ficaram por conta do champanha, dos lençóis e o aprender juntos. Justamente quando nem mais havia bordados sobre o único travesseiro. E o brinde se fez ao instante, que fugara sem deixar pistas.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2007/2009.
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/757290

A OSTRA

Joaquim Moncks

Entre tapas e beijos

corre a vida,

lúcida.

A água mansa

acaricia os seios,

quase túmidos.

E na ostra maternal,

quase túrgida,

o imprevisto dorme:

homem e menino.

Do livro BULA DE REMÉDIO, 2008/2009.

http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/976471

ALEGRIA E SUA REALEZA

Joaquim Moncks

Alegria:

esta é a harpa lúdica da alma.

Toca às gargalhadas

frente a tudo o que vê.

Há muitos súditos adultos

que não compreendem

a sua pureza.

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2007/2009.

http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/610435

A CABEÇA MAL DORMIDA

Joaquim Moncks

Silhuetas de casais através dos vidros

escancaram sombras

nas paredes do bar...

O real da ausência,

e a porta do boteco,

doida sobre os batentes,

a cada vulto que espreita,

fustigado pelo fog da invernia.

O insone mergulho na imagem

da amada

faz o sangue da uva tão precioso.

Cachos de sol na calçada, o dia moreno.

Na boca o sal ardente.

Somente o áspero cabernet sauvignon...

A cabeça mal dormida

e, agridoce,

a esperança indormida,

na memória da língua...

– Do livro BULA DE REMÉDIO, 2008/2009.

http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1037136

SÍLABA DA CONFISSÃO

Joaquim Moncks


E como não ser grato àqueles

que por vezes várias,

confusos,

aturam o choramingar

inquieto, soluçante?


Existe algo mais puro

no ser humano

que o seu coração alado?


E a Poesia

não é esta voz cruciante

que nos delata

na alquebrada

sílaba da confissão?


Do livro BULA DE REMÉDIO, 2005/2009.

http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/44844