domingo, 20 de setembro de 2009

CARRETA DE INOCÊNCIAS


Joaquim Moncks

O canto de meus amores
é uma carreta perdida.
Cada eixo de ilusões
cochicha a canção ao vento.

Geme a garganta dos sonhos
e é um sussurro de estrelas
gemendo na boca do Cristo
– sua coroa de espinhos.

Toda a vez, meus irmãos,
em que a carreta dos ventos
chora o cio dos amores,
delato a santa inocência.

Há um sorriso futuro
que se perdeu num lançante
e num lampejo insolente,
frustrou-se a coruja do brete.

Ainda hoje os amores
são perdidos espíritos.
S’esconde no final do mate
a seiva da liberdade.

Esta canção resistente
é a que me faz sentir vivo.
É o olho do tempo rodando
n’alguma esquecida quimera.

Sempre que olho o horizonte
range o rancho sobre duas luas
e na picanha do boi Suspiro
sangra o aguilhão da saudade.

– Do livro DE QUANDO O CORAÇÃO ABRE A CORDEONA, 1978/2009.
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/847638

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