terça-feira, 8 de novembro de 2011

A HORA MORTA DA LEITURA VIVA

Joaquim Moncks

Estimada confreira de Letras! Ainda bem que recebeste bem o estudo analítico sobre o teu texto. Agora é necessário que o estudes, tim-tim por tim-tim, comparando a forma sugerida, inclusive, também, com uma olhadela crítica sobre a segunda forma textual, que acabei melhorando para chegar à (possivelmente) definitiva. No fazer literário – em minha ótica – o texto nunca está definitivamente pronto, mesmo depois de haver ocorrido a publicação em jornais, revistas, coletâneas, em antologias (cujos organizadores elegem alguns textos como pretensamente definitivos) até nos livros individuais, sempre fico a cinzelar o texto, principalmente revisando e aparando verbos, evitando duplicidade de vocábulos, tentando sempre a sinonímia pra evitar repetições, cuidando, em especial do RITMO, tanto na prosa quanto no verso.

Porém, é na poesia e a sua escrituração (que são os versos que lhe dão forma, sentido e expressão), que a TRANSPIRAÇÃO – o segundo momento de criação – se torna mais necessária e urgente pra se descobrir o Belo contido dentro da palavra e seus mistérios. Na Poesia, a palavra usa sua roupagem de gala, que não é a do dia-a-dia, a vestimenta da lida diária. Daí que, após o primeiro momento de criação – A INSPIRAÇÃO – em que predomina a EMOÇÃO, tem-se de buscar a prevalência da INTELECÇÃO, o que ocorre no segundo momento criacional e em outros que eventualmente podem sobrevir, no decurso do tempo de maturação do escrito.

Como vês, interessada confreira, nós estamos apenas começando a caminhada para as possíveis descobertas... Juntos. Eu – ávido – sobre a tua escrita. Tu – ansiosa – sobre a minha. É dessa prática que poderão advir resultados favoráveis ao surgimento de teu ESTILO, segredo de quem pratica a sua arte, mormente a literária.

É preciso que não tenhas pressa nem preguiça pra leres e absorveres tudo o mais que puderes, nesses primeiros momentos, ainda mais que tens um ano a mais do que a minha idade. E, aos quase setenta, o tempo foge mais rápido...

Eu estou inativo há mais de 20 anos no meu ofício na força de trabalho, e que me garante estipêndios para a digna sobrevivência. O FAZER LITERÁRIO é o meu novo ofício (deixando de ser mero diletante) desde sempre, pois iniciei a escrever com afinco lá pelos 26 anos. Hoje estou com sessenta e cinco. A maturação e o adensamento de assuntos e conteúdos, em nossa criação, é fato que se percebe, em regra, lá pelos 12/15 anos de experimentação. Horácio, o príncipe dos poetas latinos, que viveu 70 anos e morreu 08 anos depois da execução do Cristo, dizia que boa escrita artística leva, no mínimo, nove anos para se fazer sentir ao leitor. Até então tudo é diletantismo. Nesse tempo, o escrito deveria ficar na gaveta, amadurecendo...

Observei que fazes uma referência incidental sobre os meus textos e os sacramentas como "enormes". Imagino que te refiras à extensão textual. Sim, algumas publicações são longas, e será necessário que as leias com atenção, a fim de que conheças um pouco do teu companheiro de estrada e descubras os meus códigos de abordagens temáticas. E que haja compreensão para que possas vir a ser apresentada aos “alter egos” que me habitam.

Para que tenhas uma ideia, levei mais de dez anos para abrir os códigos de um poeta de minha preferência, no RS, lá por 1980/3. Agora, calejado, fica mais fácil entender a sua subjacência poética. Na fase atual, mesmo que pouco haja mudado em seu estilo de escrever, já consigo me situar melhor em sua extensa obra. O mesmo aconteceu em mim com o desdobramento da obra de Pablo Neruda, se bem que com menores dificuldades, visto que sua obra, em prosa e verso, é menos codificada. E Poesia necessita revelar-se ao receptor. Cada uma a vê de uma maneira, graças aos códigos verbais utilizados. E é essa sensação de estranhamento, de alumbramento frente ao Novo, que nos marca a pele como fora um ferro em brasa. Uma tatuagem definitiva...

Desta sorte, cada dia vai lendo, no Recanto das Letras – site onde escrevemos – os meus textos classificados como TEORIA LITERÁRIA, TUTORIAIS, CARTAS, MENSAGENS, ENSAIOS, PENSAMENTOS. Imagino que seria aconselhável que fizesses as leituras por modalidade classificatória, na ordem em que elenquei as classificações, conforme acima.

Seria importante, também, que a cada um examinado e fruído, escrevesses algum comentário ao pé do texto lido, pra que eu veja e acompanhe o teu crescimento individual nas abordagens e, possivelmente, tenhamos algumas palavras a serem trocadas ao pé dos textos lá publicados, em 'Comentários', respondendo ou abordando aquilo que tenha sido expendido sobre o texto lido e analisado por ti.

Sim, é trabalho para se chegar perto da condição de bom escriba... Por ora, é só o aquecimento pela net, Ok? Se tudo correr como espero, poderei também te ajudar na escolha de livros para que possamos vir a nos orientar na hora morta da leitura viva...

– Do livro PALAVRA & DIVERSIDADE, 2011.
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3324201

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